Rins de rato, funcionais e implantáveis, gerados em laboratório
Tanto fora como dentro do corpo dos animais, os novos rins mostraram-se capazes de filtrar o sangue e produzir urina.
"Esqueleto" de rim de rato após a remoção de todas as suas células.
Cientistas do Hospital Geral do Massachusetts, nos EUA,conseguiram fazer crescer, num biorreactor, rins inteiros de ratos capazes de desempenhar, embora de forma limitada, a função renal. Os seus resultados foram publicados este domingo na edição online da revista Nature Medicine.
Harald Ott e os seus colegas partiram de rins de cadáveres de animais e começaram por os “despir”, graças a uma solução detergente, de todas as suas células, conservando apenas a matriz de colagénio que mantém no seu lugar as diversas estruturas destes órgãos.
A seguir, injectaram nestes “órgãos-fantasma” células capazes de regenerar os vasos sanguíneos e células renais de ratos recém-nascidos. No fim de uns 12 dias de permanência num biorreactor, puderam constatar que os novos rins eram capazes de filtrar o sangue e de produzir urina.
Numa segunda fase, os cientistas transplantaram os órgãos para ratos vivos aos quais tinha sido removido um dos seus próprios rins. E mostraram, aí também, que os novos órgãos bio-lantaram os órgãos para ratos vivos aos quais tinha sido removido um dos seus próprios rins. E mostraram, aí também, que os novos órgãos bio-artificiais conseguiam desempenhar a mesma função no organismo dos animais.
A técnica, que em princípio pode ser aplicada a qualquer órgão, poderia permitir, a confirmarem-se os resultados, construir rins “à medida” a partir das próprias células dos doentes renais.
“O que esta abordagem tem de único é que, como a estrutura nativa do órgão é preservada, o órgão resultante pode ser transplantado como se de o rim de um dador se tratasse e ligado aos sistemas vascular e urinário do receptor”, diz Ott, citado num comunicado do seu hospital.
“Se os resultados forem reproduzíveis, os cientistas envolvidos claramente realizaram um tour de force e merecem os nossos parabéns”, diz William Fissel, nefrologista da Universidade da Califórnia, citado no site nature.com.
Os cientistas esperam que a técnica possa um dia ser utilizada em doentes renais humanos em estado avançado da doença. Segundo os dados mais recentes da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, citados pela agência Lusa, há em Portugal cerca de 2000 pessoas em lista de espera para um transplante renal e mais de 10 mil dependem da hemodiálise para sua sobrevivência.
Quanto às pessoas que recebem um rim de um dador – mais de 500 por ano desde 2008, segundo a Sociedade Portuguesa de Transplantação –, ficam sujeitas a um tratamento permanente com imunossupressores para evitar a rejeição do transplante, algo que também apresenta inconvenientes.
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